quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

NOVO POEMA

Orgasmo

Depois do sexo
O que fica
Silêncio e cheiro
Apenas

Depois do sexo
Cansado
Virar
Para o outro lado

Depois do sexo
A sensação
De que falta
Emoção

Depois do sexo
O oposto
O que não se lê
No rosto
O frio, a soledade
A angustiante espera
Da felicidade

Depois do sexo
(Quando é só sexo)
Nos resta apenas dormir
Adormecer nosso desejo
De por um instante
Dormir

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

MEUS POEMAS

O Amor nasce em estranhos veios
                                            Cleiton Oliveira


Acreditei estar o coração adormecido
Cuidado, calmo e bem alimentado,
Somente um sorriso foi preciso
Para ver seu olho rubro acordado.

Pensei que um amor somente me bastava
Não há tanto coração pra outro intento
Fugi da brasa cruenta, que golpeava
Os recantos obscuros do meu peito

Mas o amor, nasce em estranhos veios
Nasceu da sua boca linda, do olhar lânguido
Nasceu, espontâneo, fátuo e um pouco tímido
Nasceu dos sonhos, dos desejos e anseios.

E a esse amor, sem pressa e sem demora
Dou apenas gotas de silêncio a cada dia
Para que não cresça demais, sufocando agora
O amor que antes, neste veio existia.

CARTAS AO MESTRE

Esses são textos reflexivos de uma coletânea que estou começando a escrever...



Mestre. Eu te saúdo e a todos os que, revolvendo o pó da nossa história, trouxe sua excelsa figura ao mundo.
Procuro-te mestre, nesta tarde vazia e mansa, pois tenho o coração raso de dor e certa dose de solidão que me procura sempre antes do sol se pôr. Pergunto-te Mestre, sobre o amor. Sim, sobre o impulso primeiro que nasce nos olhos e ziguezagueando chega ao peito. Lá se instala. E nada há que eu conheça que possa arrancá-lo do seu recanto escondido. Diga-me Mestre, sabereis vós, por acaso como tirá-lo? Sigo eu de forma a persuadir-me de que o amor não me domina e que tenho como por termo essa inquietante emoção que me invade. Por acaso vós, que és mestre em tudo o que o homem sonha conhecer, algum dia apaixonas-te por alguém? Deveras sei que a paixão é um sentimento para homens incompletos, senão, a mera figura que me atormenta ao raiar do dia, e no deitar do astro-rei no poente, não me causaria tamanho constrangimento. Isto posto, quero apenas situar a vós, como vejo a mulher que amo, todavia, daí aparos ao que narro, visto que, como dizem os antigos na arte do coração, o apaixonado vê borboletas em todas as lagartas da terra. Começo, sem dúvida, pelos olhos, pois que foram esses dois demônios que me assaltaram em primeiro lugar, e que me dominaram com vontade de ferro. Ah! Essas gemas certamente preciosas que brilham com uns ares roubados de algum mar distante. Pousam sobre mim como pombas delicadas e partem como rapinas, levando aquilo que mais as interessam. Miro teus olhos, Imensos lagos eurasianos. Formas perfeitas. Sonho de Tuthankhamon. Guardam, silibinos, um segredo inacessível, Enigma indecifrável, sobretudo para meus parcos conhecimentos nos mistérios que as mulheres invariavelmente detém.
Devo, para não perder-me, falar da sua voz. Quisera eu mestre, ainda estar ao teu lado, e poder desfrutar contigo o prazer de ouvir aquela suave voz de gueixa. Lambem os ouvidos como as ondas lambem a areia, pois é , de certa forma, surpreendente, que observo espumas surgirem sob meu peito. Dizem os homens santos de Araph, que vós certa vez, ouvira a voz dos anjos, atrevo-me o dizer, observando sua paciência para com meus erros juvenis, que já ouvistes então a voz da minha amada.
Sua pele exala os exóticos aromas dos arredores de Tymben-Palie. Lembra-se da noz de ameixa? Aquela que nasce apenas uma vez por ano, ao pé do monte Yan Ztuan. Suas flores pequeninas recobrem todo o campo, num aroma acridoce, vencendo a batalha com as grandes árvores e as frondosas flores? Pois assim é que vejo, corpo tão pequeno exalar perfume tão imenso.
Por fim, quero descrever a vós, ainda que nada seja novidade para quem beijou perfeições de outras esferas, o toque daquela que me roubou os sentidos.
A primeira vez que senti seus dedos roçarem meus ombros foi na colheita de Ashran. Carregava comigo oito fardos do mais belo arroz, colhidos com a mais perfeita disciplina, quando, apesar de todos os conselhos que vós, mestre, me deu, balancei, desconhecendo por um segundo minha própria capacidade. Ela, que quase não reparei de início, súbito me tocou, ajudando discreta, a boa colocação do contra-peso.
Confesso que fiquei um tanto afoito, perseguia-me desde então aquele toque, convidando-me à descoberta de um mundo novo, mais perfeito e completo que aquele em que me vi mergulhado desde que nasci. Seria um convite ao prazer? Lembro-me das tuas lições sobre a incompletude e busca. Do destroçar da alma insatisfeita, perdida entre torvelinhos de angústia, sem jamais saber o que, de início, foi o seu objeto de desejo. Por este motivo, aquiesci.  Talvez. Ou talvez foi pela inocência estampada em cada contorno daquele rosto, mapa bem traçado da superfície celeste.
Por outro lado, via em seus gestos, modos de certa nobreza, vinda, por certo, de Bahish.
Nos ossos da cintura, um côvado, perfeito triângulo natural, passagem certa para vasta prole. Elegante nos gostos refinados. Porcelana da china, tapete persa, licor de Cashiah.
Não descrevi ainda, composição final de bela obra, os cabelos, belos e negros bordados. Como teia sutil na fronte, transfigura belíssima moldura. Invejo o vento, único a sacudir-lhes, e sentir-lhes os sedosos e intrínsecos segredos.
Eis descrito enfim, a mulher que me assombra, bela e meiga, gentil e doce, solitária e triste. Por todas as manhãs da minha vida. Pelo menos, da parte que ainda lembro.
Por isso escrevo-lhe mestre. Vós que recrutou mouros no oriente. Que percebeu a falha do mundo, sentando no alto da montanha Iaht. Que mergulhou a mim e aos da minha espécie nas tuas estranhas águas e de quem jamais eu poderei encontrar perfeição igual. Responde aquele que por ti ora e espera...Será o Amor? Visita-me o sentimento que só os deuses conhecem? Como saberei se estou certo? Devo então adorá-la como os pequenos mitos da nossa infância? Ou devo agora, mais que nunca, abrir mão daquilo que me faria, certamente, menor?
Anseio tua resposta mestre, como quem anseia a próxima respiração.
Eu te saúdo e a todos os que, revolvendo o pó da nossa história, trouxe sua excelsa figura ao mundo.

                                                                                                                      Ang.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

FABRICANTE DE CORPOS - PARTE 2 - RIO DE SANGUE!

RIO DE JANEIRO: Como já definiram, um purgatório da beleza e do caos. Cristian não gosta desta cidade. As lembranças não são nada agradáveis.

Por aqui ele deixou muitos desafetos, alguns tentariam matá-lo de qualquer jeito, outros fugiriam imediatamente...uma coisa é certa: O cheiro de morte costuma ficar mais intenso e o sol queima com mais crueldade quando o FABRICANTE DE CORPOS está na cidade.



RIO DE SANGUE


A noite já vai perdendo sua força enquanto os pensamentos corroem sua cabeça enquanto ele caminha pelo Baixo Sul a procura do endereço no papel.

Ele para e olha para a fachada:
-          Um bordel de luxo? Merda, Gabriel me mandou procurar alguém numa bosta de puteiro.

Cristian penetra no inferninho. Olhos libidinosos de prostitutas cansadas em final de noite caem sobre ele na esperança de conseguirem um último cliente. Uma ruiva seminua sorri para ele, porém a cara fechada do “estranho” a impede de falar alguma coisa.

Cristian atravessa o lúgubre salão e chega ao bar improvisado.

-          Estou procurando alguém?
-          Mulher, homem, traveco, boneca ou trans?
-          O nome é Thot!
-          Hã! O velho maluco. Olha cara se ele aprontou alguma...
-          Diz o quarto e fica na tua.
-          Dezoito! E diz pra ele me pagar a última ok! Esse velho é um picareta.

Cristian sobe as escadas carcomidas pelo tempo e para na frente de uma porta verde e corroída pelos cupins. No interior do quarto, barulhos e vozes denunciam o que os ocupantes então fazendo.

O soco vem rápido e preciso. A porta podre se escangalha ao meio. O Fabricante saca sua arma negra!

-          Socorro! Não me mate!

A mulher corre, elas já estão acostumada a sobreviver aos imprevistos. O velho veste-se rapidamente. A cena ridícula faz Cristian sorrir.

-          Quem quer que você seja, pagará caro por esta afronta, só não o ataquei porque odeio lutar sem roupas, e porque minhas poções então na minha capa. Eu sou Toth, o Aegir, último dos magos da dinastia Atlante.
-          Tuas besteiras só não são piores que essa sua capa vermelha. Gabriel deve estar brincando comigo.
-          Gabriel? Quem te mandou foi o Gabriel?
-          Exato!
-          Deixe-me colocar os óculos, peraí. Você,  a morte impregna tua alma! Você é um agente da grande Ceifadora...
-          Óculos mágicos?
-          Não, miopia mesmo.
-          Gabriel falou que você me ajudaria a encontra um homem. MOLOCH.

Ao ouvir o nome, o velho mago sente um arrepio atravessar sua alma , porém, antes que ele possa responder, dois leões de chácara entram no quarto a procura de Cristian.

-          Quem foi o palhaço que assustou nossa funcionária?
-          Fui eu!

O movimento é tão rápido que Thot nem vê a perna de Cristian atingir o gigante careca. A arma surge do nada nas mãos dele. Um pedaço negro da morte cospe seu fogo maldito na perna do segundo homem. Cinco segundos! É o tempo em que tudo ocorre. O velho mago treme, a sua frente ele reconhece o servo do ente que mais maculou o planeta.

- Vamos sair daqui!

MORRO DO ALEMÃO:

Um menino corre pelas vielas apertadas do morro com toda a velocidade das suas pernas franzinas. Na linguagem do morro ele é conhecido como avião.

Ele tem uma mensagem de vida e morte para entregar. Estas costumam ser as mais bem pagas.
Ele chega até a casa-fortaleza do chefe do tráfico no morro – o RUSSO.

-          Seu Russo. Mãe Stela mandou um recado pro senhor.

O homenzarrão de cabelos vermelhos está sentado. Há seis anos ele vem controlando um dos maiores pontos de tráfico do Rio de Janeiro. Neste tempo, sua proteção estava garantida. As entidades haviam fechado seu caminho, seu corpo...mas o súbito frio do medo chega a ele juntamente com o menino e o faz temer pelo seu destino.

-          Fala logo “de menor”!
-          Ela disse isso – o menino pega o bilhete e começa a ler com a dificuldade própria de um semi-analfabeto. – “Filho, o Diabo está atrás de você. Nem as correntes de Aruanda podem te ajudar. Exu veio avisar, tua caveira já está na encruzilhada. Fuja daqui o mais rápido possível e lute pela sua vida.

O menino acaba de ler e Russo pende a cabeça para trás. Fugir, se entregar, morrer. Essas palavras nunca fizeram parte do seu repertório.
-          Toma menino, cem paus e vaza; Macaco, chama a negada toda, vamo pra guerra.


Petrópolis: um local privilegiado. A mansão fica numa das áreas mais nobres da Cidade. Seu proprietário é conhecido como Eurico Paes de Carvalho Couto. Dono de uma grande rede de comunicação e de um milionário time de futebol, além de jornais e revistas. Um homem poderoso.

-          Olá Moloch, há quanto tempo!
-          O suficiente.
-          O que você quer?
-          No momento, sua casa Eurico. Saia daqui, em breve te contatarei.
-          Você ainda está me devendo algo. O senador que eu pedi para você matar...
-          Tudo ao seu tempo. Nada está esquecido. Em breve tudo nesta cidade será meu. E você pode estar ao meu lado se não me contrariar com cobranças vazias. Entendeu?
-          Sim – Eurico pega sua maleta de mão e sai. Ele sabe que não deve contrariar esse homem, eles tem laços antigos de crimes que os une. Muita da sua riqueza se deve a ele.

Mas algo o impacienta – Moloch está diferente, mais arrogante do que parecia possível. Eurico teme não ser mais útil para ele, sabe o que aconteceria se isto se concretizasse, pode ser a hora de fazer novos aliados.

No interior da casa. Moloch prepara um ritual maldito.

-          Almas perdidas nas trevas, eu as conclamo para o meu julgo. Atravessem a barreira astral, vistam-se de carne putrefata. O sangue brindará nossa aliança. Que os dezesseis espíritos da falange de Anaz se submetam a mim!
Pólvora é queimada e jarros de sangue são derramados pelo chão. Apenas os olhos macabros de Moloch brilham na escuridão absoluta.
Então um leve ruído é ouvido, um roçar de língua sobre água, como o som de gatos lambendo o leite...  O som se intensifica, fica grotesco, sons abissais.
-          Eles vieram! Acendam a LUZ.
As luzes se acendem e a cena dantesca se descortina. dezesseis criaturas deformadas, nas mais horrendas transfigurações arrastam-se pelo chão sorvendo o sangue derramado numa volúpia doentia.
A uma ordem de Moloch elas cessam e ficam imóveis esperando um novo comando.
-          Bem, acho que temos alguns turistas para visitar o Rio de Janeiro.

Copacabana: Um prédio de luxo na beira da praia – A cobertura pertence ao homem conhecido como Thot, o Aegir.

-          Fica a vontade cara, toma um whisky.
-          Que tipo de contravenção você tá metido pra ter um apartamento desses?
-          To limpo! Eu sou vidente cara, as madames me pagam os olhos da cara por um trabalho. Não é nada muito digno, mas paga bem pra caralho.
-          Olha, me dá o nome do cara que o Gabriel quer apagar e a ficha completa e eu vou embora falou!
-          Calma, o lance é complicado, você não sabe onde tá se metendo. O Gabriel é assim, gosta de sacanear com os novatos.  Minha esfera vai mostrar onde as energias profanas estão concentradas... Vamos lá... Merda, Preciso de um trago! 
-          Deixa a palhaçada de lado. Eu vou embora...
-          PERAÊ! Pelo olho de Mãe Dinah. Lá está! Morro do Alemão! Algo muito barra pesada tá pra acontecer por lá.
-          Vamos nessa!

MORRO DO ALEMÃO:

Os soldados do tráfico estão nervosos. Eles são supersticiosos. E temem o que vão enfrentar. Escondidos nas mutuas, buracos, telhados, recantos, eles formam uma linha impenetrável ao redor da fortaleza do Russo. Nenhum ser humano poderia entrar sem ser visto. Porém.

-          O que é aquilo?
-          Parece um aleijado, olha outro...
-          Vamo mandar fogo!
-          Pode CRAAARARRGHHHH
A garganta do pobre coitado é trespassada por garras macabras. Surgidos do nada os seres monstruosos avançam matando e deleitando-se com o sangue abundante para consumir.
Dentro da casa, Russo pressente o desespero que se aproxima. Súbito, a porta da frente, reforçada em aço é arrombada sem esforço e o homem conhecido como Moloch penetra no ambiente empestando-o com o aroma da morte.

-           Olá Russo! Ora de ser demitido.
 Moloch levanta Russo sem nenhuma dificuldade, ele prepara-se para quebrar o pescoço do traficante.

Então, o som de uma arma sendo destravada o faz parar e uma voz forte é ouvida.

- Solta o vagabundo bem devagar
Continua... 

PELEJA DE SÃO DAMIÃO NA CÚPULA MUNDIAL DO MEIO-AMBIENTE

Este cordel foi o ganhador do prêmio CORDEL ECOLÓGICO da Secretaria de Educação de Salvador no ano de 2010.

PELEJA DE SÃO DAMIÃO NA CÚPULA MUNDIAL DO MEIO-AMBIENTE

Tudo que agora conto
Você pode acreditar
Não é mentira nem caso
Foi verdade e vou provar
Todo mundo reunido
Pensando como salvar
Nosso querido planeta
Orbe lindo e singular

Era aquele falatório
Rei e Rainha Falava
ouvia  primeiro-ministro
Presidente não calava
artista de Hollywood
no tapete desfilava
até um bispo, acredite
no salão cheio, pregava

Mas, de repente, seu moço
O sinhô pode acreditar
O céu ficou azulzinho
O sol disparou a piscar
Uma escada bem alvinha
Começou a se esticar
E descendo bem mansinho
Frei Damião a brilhar

Desceu do céu, nosso santo
Causando tal admiração
Gritou logo um brasileiro
- É nosso Frei Damião
nosso santo capuchinho
missionário do sertão
Se alegra minha gente
Deus mandou a salvação

Falou o santo velhinho
 - É com enorme alegria
Que venho aqui externar
Na Casa da Ecologia
Convenção tão popular
A mais pura sabedoria
E nosso planeta salvar
Sem medo nem hipocrisia
Do meio do povo então
Levantou um cientista
Homem de muito estudo
Bom de mente, bom de vista
E falou: Não acredito
Em solução tão simplista
O planeta não precisa
De santo nem de artista

- Se todo santo merece -
Falou o Santo Damião
Dos homens ser adorado
Que se espalhe devoção
Pra tudo por Deus criado
Cada homem, cada nação
Merece mesmo cuidado
Todo amor e proteção

Se não fosse o artista
Trazer pra vida beleza
Imagine seu cientista
Grande seria a tristeza
Viver sem cor, sem cantoria
Vida cinza, sem clareza
É como viver o homem
Sem a santa natureza

Cientista caiu sentado
Sem ter mais o que falar
Daí levantou um homem
homem muito do popular
Dono de uma tal empresa
De computado, celular
Respirou fundo, danado
E desandou a reclamar

- Penso em nosso consumo
Pra toda a população
Tá todo mundo comprando
Tem tudo em liquidação
Pobre tá comprando carro
Computador, televisão
Me diga logo seu santo
Não é grande evolução?

Doença também evolui
Porém, continua danosa
Nunca que vi computador
Mais bonito que uma rosa
Consumo é armadilha
Bonita, mas enganosa
como qualquer radiação
brilhante, mas cancerosa

O problema empresário
Não é de o povo comprar
É que aquele que vende
Sabendo é que vai quebrar
Nunca aparece depois
Para ajudar descartar
Os venenos que existe
Em tudo quanto é lugar

A bateria tão pequena
De tudo que é celular
Tem tanto metal pesado
Que nem dava para contar
Vai tudo para nosso chão
Vai tudo é contaminar
As planta da nossa terra
E os peixes do nosso mar!

Um japonês, seu Takechi
Que só produzia carrão
Perguntou: o automóvel
Do mundo é locomoção
Como viver sem o carro?
Sem o motor a explosão?
Sai desse muro seu santo
Tem ou não tem a solução?

São Damião olhou firme
Falando para confraria
- Hoje em dia já existe
todo tipo de energia
tem carro movido a gás
tem carro com bateria
usar gasolina hoje
é quase patifaria





O petróleo hoje causa
tenebrosa devastação
não só efeito estufa
mas a guerra e ambição
do povo lá das Arábia
É irmão matando irmão
Você também é culpado
De tamanha destruição

Tem energia eólica,
limpa, pura e natural
Nosso Brasil e o Japão
Têm um imenso litoral
garantido a energia
Imenso o manancial
Porque que o homem não usa?
Eu que pergunto, afinal...

Tudo bem, seu santo homem
Falou grande madeireiro
Todo mundo que ter cama
Guarda-roupa, camiseiro
Pra tudo isso, madeira
É dos artigos, primeiro
Tem que tirar da floresta
Daqui ou do estrangeiro

Madeira, meu bom amigo
É obra da natureza
Use sua inteligência
E saberá, com certeza
E verá sem ter engano
Que obra de malvadeza
Destruir tanto habitat
Tanta paz, tanta beleza

O homem queima floresta
Para produzir o carvão
Toca fogo, queima tudo
Para o gado ter ração
Protocolo de Quioto
Ninguém respeita mais não
Só de madeira ilegal
Já se prendeu um milhão


No dia que o homem pensar
Na árvore como amiga
E que nos dá sem reclamar
Sombra, casa e comida
Talvez comece entender
Que para manter a vida
Precisa plantar uma raiz
A cada tora extraída


O tal ministro chinês
Levantou tal um bacurau
Gritou – somos mais de bilhão
Não podemos viver de sal
Agrotóxico e fertilizante
Para nós é fundamental
Precisamos de comida
Esse Santo é um boçal!

São Damião deu de ombros
- amigo, não leve a mal
teu povo hoje esquece
do proceder oriental
somente da diabetes
é o campeão mundial
seus campos contaminados
a  crise é fenomenal

Nem só de fome se morre
nessa paragem ancestral
usar lavoura orgânica
é muito mais natural
saúde não se conquista
se vendendo ao capital
vou ensinar de que jeito
vocês se livram desse mal


Produto orgânico é
Cultivado sem veneno
Protege lençóis de água
Deixa o alimento pleno
E muito mais nutritivo
Pra nos servir de aceno
Que o homem pode plantar
Sem precisa ser obsceno!

Tudo ficou em silêncio
Naquele imenso salão
Levantou o presidente
Da mais respeitada nação
Passou a mão na cabeça
Apurou a erudição
E perguntou com voz firme
- E qual será a solução?

Meus filhos e minhas filhas
Não usem somente razão
Deixa falar bem mais alto
A mensagem do coração
Para salvar nosso mundo
Somente tem uma direção
É no altar da escola
Na sagrada EDUCAÇÃO 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

FABRICANTE DE CORPOS - PARTE 1 - AS SECRETAS ENTRANHAS DO DEMÔNIO

Maceió, o dia nasce como um paraíso a beira da praia de Jeriatá, meu paraíso secreto, há dois meses que estou aqui, acordando com o sol, dormindo aos primeiros vislumbres da lua, olhando o horizonte em busca da tempestade, certo de que ela virá, pois é a única constante em minha vida. Sonhos confusos, Serafins prateados cantam hosanas libertinas e demônios envoltos em vapores escaldantes sussurram seus segredos devassos; fugir torna-se a única opção; embora esteja sempre preso a mim mesmo.

 Acordo de mau humor como sempre, o peso extra na cama me chama a atenção; o pacote com o maldito símbolo deles.  A Fundação. Olho ao redor a procura de alguém, nada. Se eles sabem onde estou irão me atacar em breve. Um leve batido na porta, minha perna se retrai e chuta minha arma, um arco no ar e ela para em minhas mãos, miro na porta e preparo para atirar, então uma voz escrotamente conhecida me faz parar no momento que o filho da mãe entra.
-          Samuel! Seu maldito perdigueiro, como você chegou aqui?
-          Me convida pra entrar e eu te conto Cris.
-          Você já está dentro...

Samuel Marquichio, um perdigueiro, um dos maiores perseguidores da Fundação. Um dos meus últimos amigos, alguém que pensei estar morto há muito tempo.

-          Não achei que fosse tão bom? Qual o problema desta vez?
-          Querem você, Cris! A Fundação vai mandar outro fabricante a sua procura. Um dos piores.
-          Eles não vão me encontrar, a não ser que você conte.
-          Você sabe que eles vão. As coisas andam feias por lá Cris, estão chafurdando nas entranhas do demônio.
-          Por isso você trouxe o pacote?
-          Que que pacote?
-          Deixa de onda, onde você conseguiu?
-          Não foi ele Cris. Fui eu!

A porta aberta deixa passar a sombra, minha espinha volta a arrepiar, merda, isso quer dizer encrenca, o homem chamado Gabriel entra na casa.

-          Preciso de você! – As palavras vibram numa intensidade misteriosa. Algo entre o abismo e a amplitude parece surgir da garganta do pretenso representante do céu.
-          Não tô mais afim de encarar teu tipo de trabalho.
-          Não é uma questão de querer, e sim de escolha, e ela nunca pertenceu a nenhum de nós.
-          Pro Diabo com tudo isso, eu não jogo pelas suas regras. No meu tipo de jogo, quem coloca ases na manga costuma sair sem o braço! – Cristian se impacienta, ele pressente que o parco controle que ele tem sobre sua vida vai novamente sair de suas mãos.

Gabriel permanece tranqüilo. – Neste momento, um homem imprudente cede às tentações de um velho Diabo, sangue inocente correrá para sacramentar esse pacto infame.

-          Ninguém é inocente!
-          Mas todos merecem a chance de se redimir, inclusive você!

Distante dali, num local profano, uma alma completamente sórdida e promiscua encharcasse com o sangue de animais sacrificados. O som de instrumentos Arcanos explodem na madrugada como gritos de horror pela cena dantesca. Uma voz iníqua invoca uma entidade ainda mais maligna.

-          Pelas seiscentas e sessenta e seis falanges negras do inferno, EU o invoco BELIAL, ArquiDuque das  Profundezas Abissais. Derrama sobre mim a tua chama macabra, fecha meu corpo a todo flagelo, incandesce meus olhos com a lascívia fescenina, penetra em meus poros e incuba-me com teu furor, que eu seja um instrumento da tua desgraça!

O som  atinge o clímax. As correntes luxureantes impregnam o ar como enxames de vorazes vermes microscópicos. Uma capa negra, jogada sob um exótico trono eleva-se possuída de vitalidade, rodopios bizarros e gemidos estentóricos causam pânico mesmo às almas mais corajosas, símbolos negros surgem do nada, caveiras, ossos e carnes em decomposição, tudo de mais degradante e intolerável compõe o conjunto aterrador. Então, uma voz absolutamente maldita macula mais uma vez a Terra acima do esquecimento.

-        A TI, SERVO LEAL, CONCEDO O QUE ME PEDES. ESPALHA DOR EM MEU NOME. PRESENTEIA-ME COM COTAS INESGOTÁVEIS DE SANGUE, OFERTA-ME SOFRIMENTO E TUDO SERÁ SEU.  PLANTA A MISÉRIA QUE ENGOLIRÁ O PASTO VIVO CHAMADO HOMEM.

Um som que poderia ser tido como um riso estranho e louco corta a noite, o homem conhecido como MOLOCH sente um poder macabro atravessando seu corpo. – Tragam-na! – A uma ordem sua dois homens trazem uma mulher nua, ela se debate com terror enquanto fortes mãos jogam-lhe bruscamente sobre o chão do salão. Uma faca brilha na penumbra e sua garganta é cortada sem piedade. O sangue quente e vermelho jorra, urros e profanações se confundem aos sons cada vez mais altos de orações escritas por seres mais antigos que o homem.
Tudo então silencia. O poder de Moloch se renova mais uma vez.
Ele acredita estar pronto.

Brasília: Prédio do Instituto Nacional de desenvolvimento estratégico. Uma área pouco visitada. Para muitos políticos, militares e repórteres, não passa de mais um cabide de empregos a escoar o dinheiro publico. Porém, no interior deste prédio, mais precisamente nos trinta andares encravados no solo brasiliense, se esconde uma das mais secretas instalações de repressão do Governo brasileiro – A famigerada FUNDAÇÃO.

-          O farejador deu notícias?
-          Negativo, o farejador sumiu!
-          O que? Você acha que estou brincando?
-          N-não senhor...é que ele desapareceu sem deixar vestígios, e como o senhor sabe, é quase impossível localizar um farejador, principalmente “este” farejador...
-          Liberem os Retaliadores!
-          Em campo?
-          Você não se tornou consultor da Fundação fazendo perguntas idiotas. Eu quero Cristian morto. A Fundação só precisa de um Fabricante vivo. E já fizemos nossa escolha.
-          Assim será feito Superintendente. Assim será.

Maceió – Praia de Jeriatá:

Cristian está sozinho. Seu amigo Samuel deixou passagens e endereços para ele e desapareceu, Cristian sabe que só o verá novamente se ele assim quiser; a vida não costuma valer muita coisa quando se é alvo da Fundação. Gabriel deixou um endereço. Rio de Janeiro. Alguém o ajudará a encontrar seu alvo.

Na cama, o pacote parece um pedaço de merda esperando para sujar suas mãos. Cristian traga o cigarro de maneira perigosa. – Merda! Caralho! – O grito de frustração não o acalma, a sensação ruim impregna nele como o aroma de uma prostituta barata. Cristian abre o pacote.

Uma camisa negra composta de Kalvex, uma variação ultra-aperfeiçoada do Kevlar desce suavemente sobre seu corpo como um animal que reconhece o dono, a calça é vestida com cuidado, botas especiais completam o conjunto, o Sobretudo negro envolve, mais que seu corpo, sua alma. A escopeta modificada é colocada no coldre das costas, pequena, dois canos. Um tiro pode derrubar uma parede. Duas pistolas negras são retiradas. Cristian olha-as demoradamente. Nojo ou prazer? Talvez nem ele saiba o que sente neste momento. Ele tem uma única certeza. A única que o acompanhou durante muito tempo. Ao colocar as armas no coldre Cristian Bernardoni deixa de existir, agora apenas há o FABRICANTE DE CORPOS.


A SEGUIR: Quando o sangue jorrar
 na escura noite,